OFFF 2008, Dia 1

Resumo e Notas do primeiro dia:

KDU Design Colective

Falaram da dificuldade e diferenças entre trabalhar dentro de uma marca enquanto criativos e desempenharem essa mesma tarefa numa agência. “Agencies weren’t giving us what we needed to implement the brand” Daí juntarem-se num colectivo para aproveitar o talento acumulado dos seus parceiros globais.

Aproveitam o melhor dos dois mundos a nível organizacional para tentar gerir os associados da melhor forma e retirar proveito 24h por dia:

  • O modelo tradicional das empresas de Hollywood – criando equipas por projectos;
  • O modelo das comunidades Web, descentralizado e global.

Mostraram diferentes abordagens à execução de trabalhos e acreditam, mais uma vez, em conciliar o melhor dos dois mundos – realizar trabalho de clientes e criar a própria marca.

Revista URB. Em destaque sempre o trabalho de diferentes designers, como o Si Scott no lettering logótipo da capa. Ao fazerem a rotação, colocam sempre novos designers na ribalta, projectando-os internacionalmente e retiram os créditos disso por adoptarem sempre os melhores e mais novos artistas gráficos.

Uma estratégia que achei interessante foi que ao trazerem um designer a bordo, fazerem-no a troco de promoção pessoal. Isto é, o “paradigma de empregabilidade” dos KDU foi conseguirem convencer (como no caso da URB) os editores da revista a deixarem espaço para o designer se auto-promover na revista a troco do trabalho editorial que irá desempenhar…

Apresentaram própria marca SVSN, que começou a parecer-me um pouco de propaganda gratuita, mas… eles próprios disseram que fazem isso.

Apesar da aparente política social no que diz respeito ao uso e promoção do trabalho dos seus parceiros, fiquei a achar que o colectivo KDU explora o trabalho das pessoas a troco de muito pouco. Agora, se realmente os designers que eles promovem ganham com isso… não sei muito bem. Isto parece-me uma política demasiado social e optimista, do género daquelas que eu apoiaria… mas apresentado desta forma começo a achar que o trabalho de bastidores está muito bem escondido.

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Painel de Tipografia, Vítor Quelhas + Dino dos Santos.

Como já disse, o Mário Feliciano não pode comparecer. Foi uma pena, porque já o tendo ouvido falar, acho que teria sido muito bom para ele como para o público presente. Apresentaram trabalho Dino dos Santos e Vítor Quelhas. O primeiro, com o trabalho desenvolvido na DSType como “Endless work in progress…” a apresentação foi muito boa. Dino apresentou “Basic procedures” numa sessão altamente dinâmica e bem estruturada. Os pequenos vídeos dos processos de desenho e implementação de fontes foram uma verdadeira delicia, mas também eu sou suspeito, certo?

Por sugestão do Vítor apresentou sketches da Prelo, fantásticos!

Falou do processo (e da dificuldade) de criação de tipos, mas cujo trabalho está incrivelmente facilitado por uma tecnologia “velhinha” da Adobe – o Multiple Master.

DynTypo

Vítor inicia a conferência referindo que não é um Type Designer, mas sim um “Fontaholic”. Já conhecia o trabalho e a apresentação (quase) do DynTypo. Aliás, o projecto é bastante explicito. Vítor fez um excelente trabalho a categorizar e catalogar os diferentes tipos de utilização de tipografia digital. A apresentação expandida e melhorada estava muito completa, referindo-se no final a tecnologias como o Super Polator dos Letterrror. Ainda apresentou alguns vídeos de trabalhos que fascinaram o público.

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Erik Natzke

Pois foi, os North Kingdom faltaram e no lugar deles apareceu uma das lendas do Flash. Natzke falou-nos como lentamente se tem afastado do trabalho comercial, procurando os motivos que nos movem, “what are the things that set us appart?”

(é nesta altura que eu penso porque tomo notas no escuro? Não consigo ler nada dos meus apontamentos… e assim é por páginas e páginas…)

Procura as ideias afastando-se do computador. Já tínhamos observado esta atitude em Maeda (e iríamos ver na apresentação de Davis). Parece que todos estes gigantes da computação estética (se pudermos assim chamar) procuram inspiração nas coisas que os rodeiam, preferencialmente na natureza.

Um outro aspecto que referiu, e que me agradou particularmente, não é uma opinião partilhada por muitos, mas considero ser uma das verdades que me tem acompanhado – se existir fricção na tecnologia [adoptada] o processo morre. Isto é, se a técnica, ou tecnologia implementada para resolver um trabalho, pessoal ou comercial, for de difícil acesso (por parte do utilizador), o processo, o seu uso torna-se inviável. Daí que partilho o entusiasmo de Natzke quando diz que devemos manter “debaixo de olho” tecnologias como Processing, que nos ajudam a implementar as nossas ideias de uma forma rápida e simples. Isto, embora Natzke afirme que o getPixel() do AS3 tenha devolvido todo o fascínio do Flash.

Apresentou um demos das ferramentas “Painting with code” que está a desenvolver. Fez um rápido percurso pelos bastidores do desenvolvimento das ferramentas – física, ribbons, getPixel() e partículas… Colocou à venda as impressões digitais que executa. Também tem disponível no seu site o código das ribbons que usa em AS3 –www.natzke.com/source

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Traffik

A apresentação dos Traffik foi daqueles paradoxos… o trabalho que desenvolvem, tanto comercial como de instalação, especialmente para a Nuit Blache é genial. Mas a apresentação faltou a dinâmica, o inglês com a pronuncia francesa também ajudou a matar o interesse… visual e conceptualmente muito bons, mas muito fracos a demonstrar o trabalho.

Isto pareceu-me ser mais ou menos comum no resto do festival, como o painel de Motion Graphics… foi realmente pobre a nível de apresentação. Voltando aos Traffik, mostraram trabalhos absolutamente geniais como La Chose, o dot TV, Identité Coleur, Série Cube, Superluxe… mas confesso que acabei por desistir, já não aguentava de sono e uma breve incursao na net permite-nos aceder às informações que apresentaram.

Fui ver o Loopita onde estava um DVD (feito especialmente para o OFFF?) chamado Stash Best of 2007 com filmes de animação geniais.

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Joshua Davis

Bom, este tipo é o verdadeiro animal de palco. A apresentação foi mesmo muito boa e levou o público ao rubro. Não vou apresentar o trabalho de Davis, porque a Regine já o fez muito melhor do que eu o poderei alguma vez fazer. No entanto, deixo algumas notas que espero que sirvam de motivação para todos como servem para mim.

Math + Johua Davis ≠ True

Sobre a arte generativa… é um processo. Se ele consegue, qualquer um consegue.

As referências dele não são diferentes das nossas, autores como Cy Twombly, Ito Jakotsu (pelo menos nas minhas notas parece este nome?), Basquiat…

Joshua, assim como Erik Natzke, ainda é dos poucos que faz uma breve incursão pelo código que desenvolve. Nota-se que sente a necessidade de estimular o público para seguir o seu percurso no desenvolvimento destes processos. Como tem vindo a ser hábito, percorreu o processo de desenvolvimento de uma máquina de ilustração, fazendo uma abordagem faseada da implementação dos comportamentos da máquina em ActionScript. Melhor do que Natzke, Davis mantém um site onde partilha muito do seu código com a comunidade.

Nas palavras de Davis:

  • É difícil percebermos o nosso meio ambiente quando estamos completamente imersos nele. Viagem!
  • Fazer trabalhos por amor, não por prémios…
  • Encontrar a nossa própria “voz”
  • “Work like hell”

Remeto-vos para o resumo da Regine para melhor compreenderem a apresentação de Davis. O post do ano passado também inclui muitas das referências que ele trouxe este ano.

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PsyOp

Matt apresentou muito trabalho dos Psyop. Confesso que a apresentação não foi a das mais fluidas, mas mesmo assim, conseguiu manter o nível de interesse bastante alto.

Mostrou o anúncio da Absolut Vodka, uma verdadeira excentricidade de película + 3D. Foi dos poucos a mostrar o “making of”, os bastidores dos projectos. Para este revelou o uso de uma camera de filmar especial que regista a 8000 fps… a energia utilizada para iluminar a cena da “garrafa” a quebrar e a água a saltar era tão intensa que só o podiam fazer por breves momentos de cada vez.

By Pedro Amado

Professor Auxiliar na Faculdade de Belas Artes Universidade do Porto a lecionar Design de Tipos de letra digitais (Variable Fonts), Tipografia, Introdução à programação em Web Design II (Javascript) e Creative Coding em Laboratório de Som e Imagem (Processing). Investigador integrado no i2ADS na intersecção da Arte, Design e Tecnologia.

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