OFFF 2008, um resumo

Este ano, o festival OFFF mudou-se para Lisboa. Já foi há cerca de 2-3 semanas (no fim-de-semana de 8-10 de Maio), mas só agora é que começo a assentar algumas ideias. Ao contrário dos anos anteriores, em que reportei o que assisti, desta vez, dado que já fiz um pequeno preview do que iria ver, vou concentrar-me só nos aspectos mais positivos e negativos de cada dia e do festival, à semelhança do que a Regine fez no blog We Make Money not Art.

No texto que se segue tentei fazer um resumo dos 3 dias que reflecte a minha opinião e experiência. Tentei ainda resumir as sessões nos seus aspectos fundamentais (algumas, quase todas as sessões, caso a caso). Por isso, se não estiveram por lá, ou se quiserem saber mais, puxem uma cadeira, ponham-se confortáveis e reservem os próximos minutos para este resumo. Se ainda tiverem um tempinho, aproveitem e passem os olhos pelas notas resumidas do Dia 1, Dia2 e Dia 3.

Não sei se é por ter assistido muitos anos seguidos, mas parece-me que o festival está a perder a sua magia. Quer dizer, não me interpretem mal. O OFFF foi demais. De uma forma geral o saldo foi muito positivo. Novas referências como os Karsonwilker Inc. e consagração de nomes como os Fallon são sempre bem-vindos. A presença de gigantes como Joshua Davis, Erik Natzke e Craig Swann também confirma a importância do festival. A constituição de painéis especializados também foi uma melhoria ao festival, mas não me pareceu ter funcionado tão bem como deviam.

Se sairam vencedores, posso apontar, para cada dia do festival:

Mas é sempre muito difícil fazer uma avaliação “total” para um festival com participantes tão variados. Por exemplo, o Blog CPULuv apresenta uma outra lista com que também concordo. Até porque me agradou especialmente a dedicação que este festival teve ao Design Tipográfico. Dino dos Santos e Alex Trochut mostraram trabalho de áreas diferentes, mas espectaculares. Sentiu-se a falta do Feliciano…Quem sabe se, para o ano que vem, vamos ver um Si Scott? Definitivamente, já que o festival irá repetir-se em LX 2009, conto com a presença de Ricardo Santos, Rui Abreu e ainda Hugo D’Alte

O que não me agradou de todo foi a mudança do festival para Lisboa. Embora a viagem tenha sido curtinha (e a estadia também tenha sido melhor…), não torna a logística nem mais barata, nem mais agradável. O local da conferência é significativamente pior… muito abafado, baixo, estreito, os acessos de passagem são terríveis, não se consegue ver bem para o palco. Para já não falar que nem os taxistas em Lisboa sabiam onde era a LX Factory… Mas lá estivemos. Sobrevivemos. Apesar de achar consideravelmente pior do que o MACBA, positivo foi a disposição do espaço, de certa forma promoveu um estado de espírito. Montes de pufs, cadeiras (mais confortáveis do que as de Barcelona), projecções alternativas com o palco e os slides lado a lado… mas sejamos sinceros… para podcasts, temos o iTunes.

Mas voltando aos aspectos positivos, a presença de um forte corpo nacional a par do internacional é muito positivo, tanto em painéis, como “a solo”. Também me agradou a crescente tendência de aumentar a oferta na área da comunicação – o festival está cada vez mais a tender para o Design de Comunicação nas vertentes Gráficas, Audiovisuais e Multimédia. Já não é tanto o aparato de empresas ou indivíduos.

Este último foi, no entanto, um aspecto positivo como negativo – uma das características que me agradou nos anos anteriores era o revelar da técnica. Os oradores (muitos, mas não todos) ofereciam-nos uma visita guiada mais ou menos pormenorizada aos processos, técnicas e software. Este ano, vimos muito pouco dos bastidores e muitos reels… Ia com expectativas de encontrar as próximas tendências tecnológicas, mas levei uma baldada de água fria. Ou a indústria está muito complexa a nível tecnológico (que não é verdade) ou então andamos todos sem saber o que fazer.

Uma vez que não vou fazer referência a isso nas próximas entradas deixo aqui o apontamento tecnológico.

Windows e Macintosh:

Claramente a balança desequilibrou a favor dos Mac. Até ao ano passado não era muito claro, mas creio que só vi dois oradores a usarem Windows.

After Effects:

Este gigante nunca deixou, nem vai deixar a indústria. Quem é quem no audiovisual usa esta ferramenta, e creio que estava implícito em quase todos os participantes AV. Gostava de saber no entanto, quantos é que farão o mesmo em Motion.

3D:

Para mim foi completamente inconclusivo que tecnologias usam. Rhino, Maya, Cinema 4D… não faço a mínima. Pensava que usaria 3DStudio, mas o reino da Apple não deixa grandes hipóteses. Uma coisa é certa: Muitos se não todos estão a programar ou a usar scripts personalizados para animar, criar sistemas de partículas ou fazer renders específicos.

DTP:

Também inconclusivo… mas aqui a Adobe não tem rival. O CS3 está cá para ficar.

Programação:

Ia completamente expectante para saber quem é que ia liderar as tabelas este ano. Flash? Processing? OpenFrameworks? Os participantes deste ano deram uma vitória clara ao Flash, com intervenientes como Ntazke, Davis ou ainda Swann. Mas a verdade é que o Processing ainda esteve presente em algumas referências, mas não foi tão evidente. Definitivamente o AS3.0 está a abalar a indústria com o seu poder e versatilidade. Curioso foi ver o stand da Microsoft com o Silverlight… no comments…

Physical Computing:

Ufa!… Muitos criadores estão a trabalhar com cameras e outros dispositivos de input alternativos. Ferramentas como o Processing e placas baratas como o Arduino estão definitivamente a trazer novidades para a área comercial.

Conclusão

Os três dias decorreram sem grandes percalços nem atrasos significativos.

Este festival continua a ser a melhor referência para a todos os estudantes, criadores, artistas e profissionais da área da comunicação e multimédia:

  • É perto, pelo que as viagens não são desculpa;
  • Ainda é barato. Comprei os bilhetes muito tarde, mas mesmo assim só custaram 67€. Em Barcelona foi mais barato (viagem e entrada) mas ainda assim está a um preço aceitável. Esperemos que não suba, até porque os patrocinadores eram muitos…
  • As melhores referências da indústria (pessoas e estúdios) passam por este festival, por isso…

Resta-me só deixar os parabéns à organização e um grande muito, muito obrigado pelo festival deste ano!

O que os outros disseram…

O Blog Centopeia relata outro aspecto menos positivo do primeiro dia que acabou por ser corrigido – a qualidade do som. Também inclui um resumo dos restantes dias.

O Blog CPULuv, com quem ia colaborar inicialmente também contém uma série de posts muito interessantes (e bem mais curtos para ler) sobre os vários aspectos do festival e dos participantes.

O Blog da ActiveMedia também reporta (pelo menos o primeiro dia) do que viram por lá.

O blog do André Ribeirinho tem um slideshow e linka outros blogs.

O Blog do Armando Alves resume de forma bastante ilustrada o que assistiu no primeiro, segundo e terceiro dias.

O Blog do CoLab tamém faz um pequeno resumo.

(Se tiverem algum feedback, resumo, opinião ou conehcerem outros links, enviem ou coloquem em comentário)

By Pedro Amado

Professor Auxiliar na Faculdade de Belas Artes Universidade do Porto a lecionar Design de Tipos de letra digitais (Variable Fonts), Tipografia, Introdução à programação em Web Design II (Javascript) e Creative Coding em Laboratório de Som e Imagem (Processing). Investigador integrado no i2ADS na intersecção da Arte, Design e Tecnologia.

2 comments

  1. Olá,
    Podem encontrar um blog dedicado exclusivamente ao OFFF 2008 nesta direcçao:

    http://www.mariabarcelona.com/offf

    Trata-se de um resumo da viagem Barcelona-Lisboa de 7 companheiros do mesmo estudio. Ao clicar nas fotos á possivel aceder á galeria do picassa onde estao armazenadas imensas fotos dos slides expostos.

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